15/11- O ideal republicano, que valoriza a democracia e a justiça social, ainda permanece como um desafio
Viva a República!"
Assim o jornal Diário Popular de 16 de novembro de 1889 anunciava, em São Paulo, a implantação da nova forma de governo no Brasil.
Na madrugada do dia anterior, no Rio de Janeiro, Marechal Deodoro da Fonseca deixou sua residência, atravessou o Campo de Santana e conclamou os soldados do batalhão, onde hoje se localiza o Palácio Duque de Caxias, a se unirem a ele na deposição da monarquia e na proclamação da república no Brasil.
1889: Como um imperador cansado, um marechal vaidoso e um professor injustiçado contribuíram para o fim da Monarquia e a Proclamação da República no Brasil . Com essa chamada de capa, o livro do renomado escritor Laurentino Goes descreveu com detalhes como foram as circunstâncias que levaram ao novo capítulo da História.
Com 67 anos de história, o império brasileiro, tido como a mais sólida, estável e duradoura experiência de governo na América Latina, desabou na manhã de 15 de novembro. O admirado imperador Pedro II, um dos homens mais cultos da época, que ocupou o trono por quase meio século, foi obrigado a sair do país junto com toda a família imperial. Viveu exilado na Europa, banido pra sempre da terra em que nasceu.
Em 15 de novembro de 1889, o Brasil iniciou um novo capítulo de sua história com a Proclamação da República. A partir dessa data, deixamos de ser uma monarquia para construir uma república. Embora o movimento tenha sido liderado por setores militares e políticos insatisfeitos com o regime monárquico, as mudanças abriram portas para profundas transformações no país. Neste artigo, revisitamos esse momento histórico e refletimos sobre o impacto da Proclamação para o Brasil de hoje.
Naquela época, o Brasil ainda era o único país da América a ser governado por uma monarquia. Diversos fatores contribuíram para a insatisfação com o regime monárquico, como o aumento das ideias republicanas e as pressões pela modernização das instituições políticas. O movimento republicano ganhou força principalmente após a abolição da escravatura em 1888, que enfraqueceu o apoio ao imperador Dom Pedro II entre setores poderosos, como os grandes fazendeiros.
Em meio a essa turbulência, o Marechal Deodoro da Fonseca, embora inicialmente relutante, liderou a proclamação da república. No dia 15 de novembro de 1889, ele anunciou a deposição de Dom Pedro II e a instalação de um governo provisório, dando início ao que conhecemos hoje como a Primeira República. Essa fase trouxe uma série de desafios políticos e sociais para o país, como a falta de experiência republicana e as constantes mudanças políticas.
A transição para um sistema republicano não foi fácil. A república trouxe a promessa de uma maior representação democrática, mas nas primeiras décadas, o poder continuou concentrado nas mãos de poucos. O período da Primeira República foi marcado por uma grande instabilidade, com diversos grupos disputando poder e influência. Esse contexto levou ao surgimento de movimentos como a Revolta da Vacina e a Revolução de 1930, que buscavam dar voz a setores marginalizados da sociedade.
O ideal republicano, que valoriza a democracia e a justiça social, ainda permanece como um desafio e um compromisso para o Brasil. Mais de 130 anos após a Proclamação, estamos em um momento em que discutir a democracia, a representatividade e o papel do cidadão é fundamental para construir um país mais justo e inclusivo. A data de 15 de novembro, portanto, não é apenas um momento para celebrar, mas também para refletir sobre como cada um de nós pode contribuir para a construção de uma república mais forte.
Roberto Chamorro
Foto Reprodução Capa do Diário Popular do dia 16 de novembro de 1889 noticiando a proclamação da República
Marechal Manuel Deodoro da Fonseca