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DIARIO DA HISTÓRIA - 05/12/1936 - Petróleo no Pantanal: Monteiro Lobato lança manifesto de subscrição pública (Sergio Cruz)

DIARIO DA HISTÓRIA - 05/12/1936 - Petróleo no Pantanal: Monteiro Lobato lança manifesto de subscrição pública (Sergio Cruz)

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DIARIO DA HISTORIA

Pesquisa do jornalista Sergio Cruz, da Academia Sul-Matogrossense de Letras e do IHGMS.

Efeméride de 5 de dezembro

1936 - Petróleo no Pantanal: Monteiro Lobato lança manifesto de subscrição pública

A Companhia Matogrossense de Petróleo, à frente o advogado, escritor e editor Monteiro Lobato, expede manifesto, visando subscrição de integralização do capital da empresa. Sobre a companhia, o manifesto revela que o seu capital será de vinte mil contos, dividido em 200.000 ações de 100 mil réis, "metade representada pelos direitos e contratos de pesquisa e exploração do sub-solo de Mato Grosso; e outra metade tomada por subscrição pública. As ações são pagáveis em duas prestações, uma de 50% no ato da subscrição e outra metade de igual valor, mediante chamada com prévio aviso de 60 dias".

CONTRATOS - Para exploração dos subsolos em Mato Grosso, foram lavrados com os seguintes proprietários: municipio de Aquidauana: Antonio da Costa Rondon (Fazenda Tupanceretã), Clotilde Rondon de Arruda e Bartolomeu Mendes (Fazenda São Sebastião); Luiz da Costa Rondon (Fazenda Rio Negro); Ana da Costa Rondon (Fazenda Barranco Alto); José Sebastião de Souza Camargo (Fazenda Santa Terezinha), José Alves Ribeiro Filho e Joaquim Alves Ribeiro (Fazenda Taboco). Município de Porto Murtinho: Eliza Alves Arruda (Fazenda Amoquijá); Clotilde Alves de Albuquerque e Maria Margarida Alves Arruda (Fazenda Mauá); Joaquim Nunes Ferraz, Diogo Nunes Ferraz e Cecílio Mascarenhas (Fazenda Emadicá); Estevão Alves Ribeiro (Fazenda Esperança); João Alves Ribeiro (Fazenda São José); Oscar Augusto Granja (Fazenda Saudade); Germano Lariau (Fazenda Santa Cecília); e Hermínio Grosso. Município de Bela Vista: Atanásio Mello (Fazenda Santo Amaro).

Mesmo ainda não tendo nenhuma evidência técnica, comprovando a existência de petróleo na região, o manifesto argumenta:

"Ninguém mais duvida do petróleo em numerosas zonas do nosso país. Uma há, entretanto, que forçosamente vai ser a nossa grande revelação em matéria de riqueza petrolífera: Mato Grosso.

Esse imenso estado emoldura com suas florestas metade do Xaraés, mar extinto que se revela na extensíssima depressão sul-americana, denominada Chaco nas repúblicas vizinhas e Pantanal entre nós. Compreendida entre o levantamento da cordilheira dos Andes e o planalto central do Brasil, a depressão do Xaraés mostra por toda a parte os mais flagrantes indícios de sua origem. Lagoas e pântanos de água salgada se sucedem de maneira impressionadora. Grande abundância de calcários e fósseis de base marinha. Também frequentes assinalamentos de óleo, como exsudações, impregnações bituminosas, emanação de metana e outros.

Na parte pertencente às repúblicas vizinhas, o petróleo já foi revelado, dando surto a inúmeras perfurações de alta produção. Na parte que nos pertence, nada, absolutamente nada foi feito. Uma espessa cortina de fumaça nos vinha conservando alheios a qualquer investigação de petróleo, justamente na zona mais promissora e abundante de sinais. Chegamos ao ponto de admitir este absurdo: que a linha das fronteiras, isto é, uma simples convenção política, interrompesse dentro da terra as formações de petróleo já reveladas e intensamente exploradas nos países vizinhos. Embora a geologia fosse absolutamente a mesma, petróleo só do lado que fala espanhol"...

OS INCORPORADORES - Entre os incorporadores da companhia, além de Monteiro Lobato, aparecem dois fazendeiros de Aquidauana: Antonio da Costa Rondon e Manuel Alves de Arruda. São representantes autorizados: João Alfredo de Oliveira (Cuiabá); Clodoveu Gomes Ribeiro (Bela Vista); Anchises Boaventura (Campo Grande); Theophilo Xavier de Mendonça (Jau); Joaquim Pedro Kiel (Piraju) e Francisco Dias Lacerda (Ribeirão Preto).

FONTE: Correio Paulistano, 08/12/1936.

FOTO: mapa mostrando a proximidade e a posição de latitude entre os campos de petróleo em exploração na Bolívia e as terras em que a Cia. Matogrossense vai operar.

 

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